Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Novo filme sobre o funk revela a resistente cena na periferia; saiba como assistir

Documentário vai de aspirantes a vencedores no gênero, com suas particularidades sociais até a ocupação de espaços

Foto: Reprodução
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A fotografia da cena do funk, a produção de podcast na favela, a construção de uma produtora do gênero, jovens candidatos a funkeiros, dançarinas, cantoras, cantores, MCs e DJs, produtores e empresários: Funk Favela, de Kenya Zanatta, mostra todos esses personagens e processos na ótica deles mesmos, desde as dificuldades à pujança do gênero. O filme de 71 minutos sai do formalismo no trato com a cena.

Lançamento inédito do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, que acontece até 23 de junho em São Paulo, ele pode ser visto também de graça na plataforma de streaming Itaú Cultural Play neste fim de semana.

A ambientação é na periferia de São Paulo. Jovens vão em busca do sonho de serem funkeiros de sucesso, apesar do enorme preconceito fora de seu universo social. Thiagson, professor de música e pesquisador, fornece no filme uma explicação a partir do olhar de quem está no movimento.

“Por que o funk incomoda? Incomoda por muitas razões. Tem o incômodo prático, da alta intensidade sonora, mas que é a superfície da coisa. Incomoda por mexer com as estruturas políticas. A maneira como se canta o crime, a maneira como se canta a sexualidade”, avalia. “A gente sabe que as pessoas não gostam não é da música em si, mas de onde ela vem.”

“A música representa grupos sociais. Quando a gente ouve rock, quando a gente ouve sertanejo, quando a gente ouve funk no Brasil, a gente já sabe qual é o grupo social que faz aquela música – e existem tensões entre os diversos grupos. No fundo, é o preconceito contra pobres favelados pretos de baixa renda.”

Há de se exaltar o filme pela diversidade de personagens abordados, o trato com os contrates do gênero e o desencadeamento do negócio do funk, algo ainda pouco aprofundado, mas já visível pela forma como ocupa espaço nas periferias dos grandes centros urbanos.

O que se observa neste bom documentário é como uma parcela de jovens da periferia já não resiste mais a buscar a inserção dentro de seu próprio grupo social. Antes, a ideia de inclusão focava em ocupar um terreno na estrutura social e econômica dominante no País.

Funk Favela é mais um filme que destrincha como o gênero musical tem sido elemento de transformação da periferia, a despeito de muitos preferirem fechar os olhos para isso.

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