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Após morte de estudante, Brasil chama de volta embaixador da Nicarágua

País vive desde abril uma onda de violência e de protestos contra o presidente Daniel Ortega

Raynéia Gabrielle Lima estudava medicina em Manágua, capital da Nicarágua
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O Itamaraty chamou, para consultas, o embaixador brasileiro na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos. A decisão ocorre após a morte de uma universitária brasileira na segunda-feira 23. Hoje a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Del Carmen, também foi convocada para prestar esclarecimentos. Ela esteve no Itamaraty em reunião com o subsecretário de América Central e Caribe, Paulo Estivallet.  

Raynéia Gabrielle Lima foi morta com um tiro no peito. O assassinato foi divulgado pela imprensa local e por integrantes do coletivo de nicaraguenses no Brasil pela Nicarágua, que denunciam o assassinato de opositores políticos ao presidente Daniel Ortega. Há relatos de mais de 300 mortes no país desde a escalada de conflitos entre o governo e manifestantes.

Em nota, a Polícia Nacional, ligada a Ortega, afirmou que um segurança privado, “em circunstâncias ainda não determinadas”, realizou disparos com arma de fogo, sendo que um deles teria atingido a estudante brasileira. Segundo as autoridades da Nicarágua, o “guarda de vigilância privada” está sendo investigado. Mas circulam também informações de que o crime teria sido cometido por um grupo paramilitar.

Segundo a polícia, a morte de Rayneia, 29 anos, ocorreu aproximadamente às 11h30 da noite. No momento do homicídio, ela estava passando pelo setor de Lomas de Monserrat, em Manágua.

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O governo brasileiro manifestou indignação e exigido que autoridades nicaraguenses mobilizem todos os esforços necessários para identificar e punir os responsáveis pelo assassinato da estudante.

No texto, o governo ainda condenou “o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança” e repudiou a perseguição a manifestantes, estudantes e defensores dos direitos humanos.

A Nicarágua vive uma onda de violência e de protestos contra o governo de Ortega. As manifestações contra o governo tiveram início em abril, quando nicaraguenses passaram a protestar contra uma reforma no sistema de aposentadorias no país.

Desde o início da crise na Nicarágua, o Ministério das Relações Exteriores orienta que brasileiros não viajem ao país. Se a viagem for inevitável, o Itamaraty sugere as seguintes recomendações:

– Evite participar e aproximar-se de manifestações;

– Evite deslocamentos desnecessários. Caso seja necessário fazer um deslocamento, esteja acompanhado ou passe por vias com policiamento;

– Manter em dia e válido o passaporte para uma eventual saída emergencial do país;

– Carregue sempre uma cópia do passaporte ou de um documento de identificação válido. Mantenha uma cópia também no correio eletrônico;

– Avise pessoas próximas (parentes e amigos) sobre a localização e meios de comunicação;

– Evite viajar para o interior do país e o deslocamento por estradas para fora da capital, que têm sido bloqueadas por criminosos armados.

*Com informações da Agência Brasil

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