Justiça

Mendonça se declara suspeito em julgamento sobre dossiês antifascistas

O magistrado era chefe do Ministério da Justiça, que produziu os documentos sob análise na Corte

Mendonça se declara suspeito em julgamento sobre dossiês antifascistas
Mendonça se declara suspeito em julgamento sobre dossiês antifascistas
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, declarou-se suspeito no julgamento sobre a legalidade dos chamados “dossiês antifascistas”, revelados em 2020 pelo jornalista Rubens Valente no portal UOL.

Dessa forma, o magistrado fica impedido de votar sobre a matéria.

Os documentos haviam sido produzidos pelo Ministério da Justiça e listavam servidores públicos e professores que se declaravam como “antifascistas”. Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro (PL) para integrar o STF, era o ministro da Justiça à época.

O julgamento ocorre pelo plenário virtual e será encerrado em 13 de maio. A ministra Cármen Lúcia, relatora do processo, já manifestou o seu voto contrário aos dossiês.

“As atividades de inteligência, portanto, devem respeitar o regime democrático, no qual não se admite a perseguição de opositores e aparelhamento político do Estado”, diz o voto de Cármen Lúcia.

A magistrada também considerou inconstitucional a produção dos documentos.

“Voto no sentido de julgar procedente o pedido para, confirmando a medida cautelar deferida, declarar inconstitucionais atos do Ministério da Justiça e Segurança Pública de produção ou compartilhamento de informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e políticas, as práticas cívicas de cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e municipais identificados como integrantes de movimento político antifascista, professores universitários e quaisquer outros que, atuando nos limites da legalidade, exerçam seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se.”

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