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Chefe do Conselho da Europa teme volta de ‘estado selvagem’ com a extrema direita

Extrema-direita tem ganhado cada vez mais força em diversos países da Europa

Representante da UE para Negócios Estrangeiros, Josep Borrell e a Secretária-Geral do Conselho da Europa, Marija Pejcinovic Buric. Foto: Urs Flueeler/AFP
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A ascensão crescente de partidos de extrema direita em muitos países arrasta o mundo para um “estado selvagem” alertou, nesta sexta-feira 21, a secretária-geral do Conselho da Europa, uma organização com 46 Estados.

“Vemos muito claramente que na Europa e em todo mundo há nacionalismos extremos, populismos e movimentos anti-direitos que arrastam o mundo ou a Europa para ser um estado selvagem”, declarou à imprensa Marija Pejcinovic Buric, em Estrasburgo, no leste da França.

As declarações da secretária-geral acontecem em um momento em que o Conselho enfrenta críticas por parte da extrema direita na França e no Reino Unido, que realizam eleições legislativas nas próximas semanas.

“Não há alternativa” ao multilateralismo para resolver os problemas do Velho Continente, sustentou a ex-ministra das Relações Exteriores da Croácia.

“Não em vão, após duas grandes guerras na Europa decidiu-se que a via multilateral, a cooperação multilateral, era o caminho a seguir”, afirmou Pejcinovic Buric.

A secretária-geral deixará o cargo em setembro, após cinco anos à frente do órgão que monitora os direitos humanos na Europa. O Conselho, que não é uma instituição da União Europeia, foi fundado em Estrasburgo em 1949, e tem 46 membros desde a exclusão da Rússia, em 2022, pela invasão ao território ucraniano.

O órgão organiza a convenção europeia de direitos humanos através da Corte Europeia relacionada ao tema, que também tem sua sede em Estrasburgo.

Pejcinovic Buric não acredita que os novos governos internacionais resultantes das eleições na França e no Reino Unido denunciem a convenção, o que implicaria na saída desses países do Conselho.

“É mais fácil atacar aos organismos internacionais ou as organizações de direitos humanos, mas espero que, passadas as eleições, escutemos mais as vozes razoáveis que existem em todos os países”, insistiu a secretária-geral.

Entre os candidatos estão o belga Didier Reynders, atual comissário europeu de justiça, o ex-presidente suíço, Alain Berset, e ex-ministro da Estônia de cultura, Indrek Saar.

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