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Maduro quer observadores do Brasil na eleição venezuelana; TSE não irá

Ainda não há uma definição sobre a delegação brasileira; países cobram transparência no pleito em que o chavista buscará seu terceiro mandato

Foto: Seminario Internacional de Desarrollo Económico
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CARACAS – A Venezuela espera receber observadores do Brasil para a eleição presidencial de 28 de julho, na qual o chavista Nicolás Maduro buscará seu terceiro mandato. A confirmação partiu da vice-presidenta Delcy Rodríguez, em conversa com CartaCapital durante o Seminário Internacional de Desenvolvimento Econômico, realizado em Caracas nesta semana.

O candidato da principal coligação opositora será Edmundo Gonzáles, escolhido após a inabilitação de María Corina Machado.

“O Brasil está convidado, estará aqui. Haverá centenas de observadores internacionais na Venezuela. O mundo inteiro está convidado”, disse Rodríguez. “Quem não está convidado é porque não respeita a soberania da Venezuela, e são poucos no mundo.”

Ela mencionou ainda um “Ocidente cada dia menor e excluído do mundo novo que está surgindo”.

Recentemente, Maduro retirou um chamado para observadores da União Europeia acompanharem o pleito. A negociação do convite havia ocorrido no ano passado.

As autoridades eleitorais justificam a exclusão pelo fato de a UE ter ratificado medidas punitivas contra cerca de 50 funcionários venezuelanos.

No caso do Brasil, ainda não há uma definição sobre qual será a delegação designada. Neste mês, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que não será um dos observadores do processo.

O presidente Lula (PT), por sua vez, mantém uma posição em defesa do respeito ao acordo por mais transparência no pleito. Em conversa com Maduro no início de junho, o petista enfatizou a importância de uma ampla participação de observadores internacionais.

Lula também defende, a exemplo de Maduro, o fim de sanções econômicas contra Caracas.

Atuação em bloco e críticas às sanções contra a Venezuela

O evento na capital venezuelana contou com a participação de lideranças latino-americanas, a exemplo do ex-presidente do Equador Rafael Correa.

Em sua intervenção, ele defendeu blocos de integração regional, a exemplo da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, a Celac, e da União de Nações Sul-Americanas, a Unasul.

Críticas às sanções marcaram um ponto central do seminário. O governo venezuelano estima que essas punições já teriam gerado um prejuízo de cerca de 30 bilhões de dólares.

O montante seria responsável, ainda segundo o governo, por fazer da Venezuela o sexto país do mundo em número de pessoas diretamente afetadas por sanções econômicas.

O marco inicial das punições norte-americanas remonta a 2014, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei para impor restrições à Venezuela no comércio global. Como alternativa, Maduro se aproximou ainda mais de países como China e Irã.

O “contorno” adotado pela Venezuela reforça a necessidade de uma mudança na ordem econômica internacional, disse Delcy Rodríguez no seminário. Washington, por sua vez, sustenta que o castigo decorre de violações do governo Maduro à democracia no país.

Em janeiro deste ano, o governo de Joe Biden voltou a impor uma sanção a Caracas depois de a Justiça da Venezuela confirmar o impedimento da candidatura de Corina Machado.

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