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Direita pulverizada

A entrada de Datena e Marçal na corrida pela prefeitura atrapalha os planos de reeleição de Ricardo Nunes

Números. Datena larga com 5,8% das intenções de voto, segundo a sondagem do Instituto Atlas. Marçal já desponta na terceira colocação, com 12,6% – Imagem: Redes sociais e PSDB Oficial
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Faltando menos de dois meses para encerrar o prazo de registro das candidaturas, em 15 de agosto, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, angustia-se com a concorrência que se anuncia em seu próprio campo político. Filiado ao MDB, o alcaide disputará a reeleição com o apoio de Jair Bolsonaro. Para ter o padrinho em seu palanque, topou ceder o cargo de vice ao seu xará, Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rota, a violenta tropa de elite da Polícia Militar paulista. O coronel tem pouco a agregar na campanha, mas o parceiro de chapa foi uma exigência do ex-presidente, que no passado confiou o comando da Ceagesp ao ex-PM. Mello Araújo caiu nas graças do antigo chefe ao transformar o terceiro maior centro atacadista de alimentos da América Latina em um cabidão de empregos para bolsonaristas, incluindo 23 policiais da ativa ou da reserva.

Ter um vice com essas credenciais não ajuda Nunes a conquistar votos de eleitores moderados, mas este parecia ser um preço aceitável para garantir o apoio de Bolsonaro. O custo aumentou, porém, após José Luís Datena, apresentador de um popular programa policialesco na tevê, filiar-se ao PSDB na quinta-feira 13 e apresentar-se como candidato a prefeito. “Dessa vez, vou até o fim”, prometeu o neotucano, com longo histórico de recuos na política. Datena tem potencial de crescimento nas pesquisas, sobretudo junto ao eleitorado de centro-direita, exatamente onde Nunes busca avançar, se já conta com o apoio dos bolsonaristas. Mas isso tampouco é uma garantia, sobretudo após o ­influencer Pablo Marçal também lançar sua pré-candidatura pelo nanico PRTB. Recentemente, uma pesquisa da Fundação Friedrich Ebert revelou que o atual prefeito é visto com desconfiança por eleitores bolsonaristas, por não ser exatamente um entusiasmado combatente da “guerra cultural” encampada pela turma. Se Nunes titubeia em defender os “valores” do grupo, Marçal é tido como fervoroso devoto.

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