Lula volta a acenar a evangélicos e diz que não nasceu para perder

Diante da tentativa de aproximar o segmento evangélico, o presidente Lula (PT) voltou a rechear seus discursos com menções a Deus e afirmou, durante entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida em Fortaleza nesta quinta-feira 20, que o mandato do seu antecessor representou uma “praga de gafanhotos” na política habitacional.

As referências a Deus aconteceram nos momentos em que Lula falava sobre sua infância no interior de Pernambuco e a mudança para São Paulo, em dezembro de 1952, acompanhado da mãe e dos sete irmãos. “Volto agradecendo a Deus porque ele foi muito generoso comigo. Eu tinha tudo para não dar certo”, acrescentou o petista.

Mais adiante, recomendou que o público repetisse ‘eu nasci para vencer, eu não nasci para perder’ em suas orações. “Se Deus permitiu que um nordestino de Garanhus virasse presidente da República, não desistam nunca, não desanimem. Quero que saibam que é preciso levantar a cabeça nos momentos difíceis e conversem com Deus”, finalizou.

Sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista tornou a criticar a lentidão na construção das unidades habitacionais na capital cearense na gestão passada.

“Esse é o maior programa de habitação que esse País já conheceu, já fizemos mais de 7, 8 milhões, mas poderíamos ter feito mais de 12 milhões não fosse o golpe que derrubou a Dilma [Rousseff] e colocou aquela praga de gafanhotos para governar e destruir o que estávamos construindo”, disse.

A expressão bíblica “praga de gafanhotos” faz referência à oitava das dez maldições lançadas sobre o Egito como sinalização de que Deus era soberano e queria a libertação do povo hebreu.

Não é a primeira vez que Lula se refere a Bolsonaro e seus adversários desta forma. Na quarta-feira, o presidente utilizou essa mesma frase ao criticar a Operação Lava Jato pelo que chamou de tentativa de destruir a Petrobras. As declarações ocorreram na cerimônia de posse de Magda Chambriard na presidência da estatal, no Rio de Janeiro.

As menções a termos religiosos têm sido marcas de discursos feitos pelo presidente da República, que tenta se aproximar do segmento evangélico. Uma nova pesquisa Datafolha, divulgada na terça-feira 18, mostrou que a popularidade de Lula segue patinando neste público: são 44% os que dizem reprovar seu trabalho, ante 22% que o aprovam.

De janeiro a abril, por exemplo, o petista mencionou as palavras “Deus”, “fé” e “milagre” ao menos 106 vezes.

Moradias do Minha Casa, Minha Vida

Foram 416 apartamentos entregues no Residencial Cidade Jardim I, Módulo III, em Fortaleza, nesta quinta-feira. A expectativa é que as unidades beneficiem, em média, 1.664 pessoas de famílias com renda mensal de até 2.640 reais.

Grande parte dos beneficiados estão inscritos no Bolsa Família ou recebem o Benefício de Prestação Continuada, o BPC. Por isso, informou o Palácio do Planalto, essas famílias estão isentas do pagamento das prestações.

Simultaneamente, outro conjunto habitacional também financiado pelo MCMV foi entregue na cidade de Sinop (MT), com 288 apartamentos.

No discurso em Fortaleza, Lula ainda lembrou de sua orientação para que sejam feitas bibliotecas em cada conjunto habitacional do programa. Os apartamentos entregues hoje, contudo, são anteriores a essa solicitação.

Diante da ausência da biblioteca, o presidente pediu a um empresário no evento para ajudar na construção do cômodo. “Se você puder contribuir para fazer uma pequena bibliotecazinha que caiba quatro pessoas sentadas, cinco pessoas sentadas”, disse. Ele também afirmou ter falado com a Academia Brasileira de Letras sobre a possibilidade de doar livros para as unidades