Política

Com adesão menor, movimentos protestam em favor do impeachment

Primeiros atos após abertura do processo contra a presidente registram participação menor em relação a protestos anteriores

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Milhares de pessoas fora às ruas de mais de 100 cidades no Brasil defender o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) neste domingo 13, em atos com adesão marcadamente inferior às dos três protestos anteriores contra a petista.

Os protestos deste domingo foram os primeiros desde que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou o pedido de impeachment apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal contra Dilma. Foram os primeiros, também, no qual o PSDB fechou questão a favor da remoção da presidenta.

Se as forças políticas anti-Dilma se uniram, as ruas se dispersaram. As manifestações registraram participação menor do que os protestos de agosto, nos quais centenas de milhares de pessoas foram às ruas contra o governo federal. 

Em São Paulo, a Polícia Militar estimou em 30 mil a quantidade de manifestantes que se reuniram na Avenida Paulista, no centro da capital. O Instituto Datafolha estimou em 40,3 mil o número de manifestantes, uma dimensão bem menor que a dos protestos de 16 de agosto. Naquele dia, a organização estimou a participação de 1 milhão de pessoas, enquanto a PM divulgou o número de 350 mil e o Instituto Datafolha apontou 135 mil manifestantes. 

No Rio de Janeiro, apenas 5 mil se reuniram na orla de Copacabana neste domingo. Em agosto, a PM não divulgou uma estimativa da dimensão da manifestação. Em Brasilia, cerca de 5 mil pessoas protestaram em frente ao Congresso Nacional, segundo a PM. Em agosto, foram 25 mil. 

Neste domingo, aproximadamente 7 mil pessoas estiveram na manifestação no Recife, segundo estimativas da PM e dos organizadores. Em Belo Horizonte, a polícia estima em 3 mil o número de participantes, enquanto os organizadores falam em 6 mil.

Os protestos convocados por grupos como o Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre ocorreram no aniversário de 47 anos da implementação do Ato Institucional nº 5 (AI-5) pela ditadura, que deu plenos poderes ao então presidente-marechal Artur da Costa e Silva, além de permitir o fechamento do Congresso, institucionalizar a censura prévia e suspender habeas corpus em casos de crimes políticos. 

Avenida Paulista é palco dos protestos em São Paulo

Na Avenida Paulista, os manifestantes utilizaram diversos carros de som ao longo da via, que, aos domingos, tem o tráfego de veículos interrompido. Muitos participantes do ato vestiam camisas amarelas, com adereços e pinturas de rosto com as cores da bandeira  brasileira.

A participação popular foi bem menor do que em atos anteriores contra o governo federal. O líder do Movimento Vem Pra Rua, um dos organizadores do protesto, Rogério Chequer, admitiu que a manifestação de hoje deve ser menor do que outras ocorridas ao longo deste ano. “Houve muito pouco tempo de divulgação. É normal que um movimento com menos tempo de divulgação tenha menos gente. Não nos surpreende”, disse. 

Segundo Chequer,  a mobilização é importante para pressionar os parlamentares. “É preciso que esses deputados, já a partir de agora, se posicionem e mostrem a sua posição com relação ao impeachment.”

Acompanhado da esposa e das duas filhas, de 7 e 5 anos, o administrador Eduardo Longo disse acreditar que o protesto é parte de um momento histórico. “A gente não aguenta mais este governo. Primeiro, a corrupção está enorme. Depois, as medidas econômicas, as pedaladas fiscais e uma série de subsídios para setores escolhidos. Coisas que não incentivam uma economia livre”, reclamou.

Além dos grupos que pediam a destituição de Dilma, aproveitaram a mobilização militantes da campanha pela redução de impostos promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e partidários da volta do regime militar.

Apenas 5 mil se reúnem no Rio de Janeiro 

No Rio, os manifestantes pediam na Praia de Copacabana a saída de Dilma Rousseff e a convocação de novas eleições. Também havia um número grande  de pessoas defendendo a saída do vice-presidente Michel Temer e de Cunha.

“A corrupção mata neste país. Tem que tirar todo mundo. Eu temo o Temer. Quero novas eleições”, disse a biomédica Ana Lúcia Fragoso Kneip, que levava um cartaz onde estava escrito: “Fora, Renan e Eduardo Cunha”, com as siglas PT e PMDB riscadas com um xis.

A  professora universitária Silvia Soares também defendia mudanças gerais, com a convocação de novas eleições: “A Dilma é só uma pessoa. Não adianta tirar só ela. O problema é o nosso sistema corrupto. A gente tem que mudar o sistema político. Tem que haver uma cassação de chapa, porque se o Temer foi eleito com dinheiro roubado, ele tem que sair junto com ela [Dilma]. A solução é chamar novas eleições”, afirmou.

Para a aposentada Sandra Maria Bernhardt, o principal objetivo é a saída de Dilma da Presidência. “Que a Dilma saia e o Temer assuma, por enquanto. É o que temos para o momento”, disse Sandra, que fez questão de comparecer à passeata, apesar do calor forte, em uma cadeira de rodas.

Protestos no Congresso Nacional 

Em Brasília,  o ato fechou as vias da Esplanada dos Ministérios e reuniu de 5 mil a 6 mil pessoas, de acordo com a PM, e 30 mil, segundo os organizadores. Os manifestantes seguiram do museu da República até o Congresso Nacional, com faixas contrárias à política fiscal e também a favor da cassação de Cunha.

Os organizadores da marcha anti-Dilma se mostraram descontentes com a baixa participação popular na capital federal. 

Havia ainda bonecos infláveis do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma, representada com um nariz do personagem Pinóquio. Os protestos se concentraram em dois locais: Museu da República e em frente ao Congresso. 

Com informações da Agência Brasil e Deutsche Welle.

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