Política

Ministro indica que o governo Lula não recuará de indicação para o Incra, apesar de pressão do MST

Paulo Teixeira (PT), do Desenvolvimento Agrário, avalia que Junior do Nascimento, indicado por Arthur Lira, não será ‘hostil’ aos sem-terra

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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O governo Lula (PT) não deve ceder à pressão do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e trocar o comando do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Alagoas. O Incra local será chefiado por Junior Rodrigues do Nascimento, indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Desde a segunda-feira 29, integrantes do MST e de outros sete movimentos sociais ocupam a sede da unidade em Maceió e reivindicam a nomeação de um servidor de carreira do Instituto para o posto. Apesar da mobilização, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), indicou que não haverá negociação enquanto os manifestantes permanecerem no local.

“A prioridade é pedir a retirada dos ocupantes. Mas a prerrogativa de indicar o superintendente é do governo”, disse Teixeira a CartaCapital. “O novo superintendente não lhes será hostil e os programas que temos com os movimentos serão mantidos.”

Cerca de 400 assentados participam da ação, parte do cronograma do Abril Vermelho, mês em que o MST intensifica seus protestos em lembrança ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996.

Os manifestantes afirmam que a indicação de Junior Nascimento “representa a continuidade da gestão com traços do bolsonarismo” e defendem a nomeação de José Ubiratan para o cargo.

“A nomeação de Junior acende mais uma luz amarela na condução da política agrária em Alagoas que tem sua cadeira rifada aos interesses individuais em virtude das necessidades coletivas das comunidades e organizações camponesas no estado”, sustentam os sem-terra.

Ele foi escolhido depois de o governo federal exonerar o advogado Wilson Cesar de Lira Santos, primo de Lira, após reiterados apelos do MST. A mudança era reivindicada pelos sem-terra desde o ano passado.

Conforme revelou CartaCapital, havia um acordo para que Cesar deixasse o cargo em março, quando sairia para disputar uma prefeitura alagoana. Ele, todavia, desistiu de concorrer e desejava se manter no posto. A exoneração irritou o presidente da Câmara, que disse a aliados ter sido informado apenas pelo Diário Oficial da União.

O desfecho do caso adicionou uma camada à tensão entre o Palácio do Planalto e Lira. A fim de conter o desgaste, uma equipe do governo federal foi mobilizada para convenccr o deputado a indicar um nome mais palatável.

Junior foi diretor-presidente da Naturagro, uma entidade com sede em Maceió que representa beneficiários do programa nacional de reforma agrária. A portaria que oficializou sua nomeação foi publicada em 26 de abril.

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