Política

Rodrigo Maia é eleito novo presidente da Câmara

Sucessor de Eduardo Cunha, deputado do DEM vai comandar a Casa até fevereiro de 2017 e deve beneficiar governo Temer

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O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) venceu a eleição na madrugada desta quinta-feira 14 e é o novo presidente da Câmara dos Deputados. Ele derrotou o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) no segundo turno por 285 votos contra 170. Dos 460 parlamentares presentes, cinco votaram em branco.

Um dos favoritos desde o início da disputa, Maia irá comandar a Câmara em um mandato-tampão, até fevereiro de 2017, quando terminaria a gestão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao cargo na semana passada.

Em seu discurso antes da primeira votação, Maia citou diversos ex-presidentes da Câmara, como Ulysses Guimarães, Ibsen Pinheiro, Aécio Neves e Michel Temer. Ao se referir a Temer, elogiou a “sabedoria” do presidente interino. “Michel Temer nunca foi capaz de cometer um gesto que o apequenasse”, disse.

Nos bastidores, o Planalto trabalhou para levar Rosso e Maia para o segundo turno, já que ambos são da base aliada de Temer. Ao novo presidente caberá, por exemplo, colocar em votação medidas apresentadas pelo governo interino, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos.

Maia recebeu o apoio oficial de partidos que faziam oposição à presidenta Dilma Rousseff, como o próprio DEM, o PSDB e o PPS, além do PSB. O PT também chegou a prometer votos a Maia, mas o partido acabou dividido após o anúncio das candidaturas de Marcelo Castro (PMDB-PI), Luiza Erundina (PSOL-SP) e Orlando Silva (PCdoB).

No segundo turno a bancada foi liberada, e o deputado do DEM agiu para conquistar votos petistas. Antes da segunda votação, Maia afirmou, em seu discurso, que foi “muito criticado porque dialogava com a esquerda”. “Essa casa precisa de diálogo. Esse plenário tem 512 deputados eleitos. Nenhum deles, nenhum de nós pode ser excluído”, disse.

“Quem quer calar a oposição não quer democracia. Nós queremos uma oposição forte ao nosso governo, que vai ajudar a enxergar os nossos erros”, continuou Maia.

Rodrigo Maia foi indicado por Cunha para cargos importantes, como o de relator da reforma política. Rosso, no entanto, era o favorito do ex-presidente da Casa, e sua candidatura recebeu o apoio do chamado “centrão”, bloco criado para sustentar Cunha e formado por 13 partidos (PP, PR, PSD, PTB, PRB, PSC, PHS, Pros, PSL, PTN, PEN, PTdoB e Solidariedade).

A vitória expressiva de Maia representa, assim, uma derrota de Cunha, que tentava emplacar um aliado fiel na presidência da Casa para escapar da cassação, que deve ser votada em agosto pelo plenário. Após o anúncio da vitória de Maia, deputados entoaram “fora Cunha”.

Filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, Rodrigo Maia está em seu quinto mandato como deputado federal. Embora não seja oficialmente investigado, o novo presidente da Câmara teve seu nome citado na Operação Lava Jato por Léo Pinheiro, da empreiteira OAS.

Outros candidatos

Apontado como um dos favoritos, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) teve 70 votos e foi o terceiro candidato mais votado no primeiro turno. Ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff, Castro retornou à Câmara apenas para votar contra o impeachment. Sua candidatura, que recebeu o apoio do PT, irritou o Planalto.

Em seu discurso, Castro defendeu a importância do “equilíbrio” entre os poderes. “A democracia não conseguiu encontrar nada mais funcional que a tripartição dos poderes. Mas aí tem um problema, essa tripartição só funciona bem se houver um equilíbrio”, disse.

“Se nós não tivermos o devido cuidado, esses poderes avançam sobre o poder Legislativo. Tem que ser um poder cada vez mais autônomo, independente, soberano, altivo e jamais submisso a qualquer dos poderes”, continuou Castro.

Outra candidatura de destaque foi a de Luiza Erundina, que recebeu 22 votos e foi a quinta mais votada – Esperidião Amin (PP-SC) ficou em quarto lugar, com 36 votos. A hashtag #ErundinaEntraCunhaSai chegou a ficar nos trending topics do Twitter. Em seu discurso, a deputada disse “fora Cunha” e afirmou que todas as demais candidaturas representavam a continuidade da gestão do peemedebista.

“São 14 candidatos e candidatas, mas apenas dois projetos em disputa. De um lado, os que querem a continuidade de uma Câmara desmoralizada, manobrada pelo fantasma Eduardo Cunha. De outro lado, aqueles que conseguiram afastar o presidente-réu no Conselho de Ética. Só nos restam duas opções: votar no projeto Cunha-Temer ou no projeto que resgatará na Câmara dos Deputados a ética e a dignidade na política”, afirmou Erundina.

Também se candidataram à presidência da Casa os deputados Evair de Melo (PV-ES), Miro Teixeira (Rede-RJ), Giacobo (PR-PR), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Fábio Ramalho (PMDB-MG), Carlos Manato (SD-ES) e Carlos Gaguim (PTN-TO), além de Orlando Silva (PCdoB-SP).

O deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) registrou seu nome, mas usou seu discurso para anunciar que o partido abria mão da candidatura própria para apoiar Rogério Rosso.

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