Política
Senador cobra governo Temer sobre Panama Papers de Macri
Em requerimento, Requião quer saber sobre cooperação pedida ao Brasil pela Justiça argentina em processo contra presidente por lavagem
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, é alvo de processo por lavagem de dinheiro e ocultação de bens, em virtude do escândalo Panama Papers. A Justiça de lá pediu informações ao Brasil em maio, mas até aqui só recebeu uma vaga resposta. O aparente desinteresse do governo em ajudar a investigar Macri chamou a atenção de um senador, que decidiu cobrar explicações das autoridades.
Membro do Parlamento do Mercosul, Roberto Requião (PMDB-PR) apresentou requerimento no Senado dirigido ao ministro da Justiça, o tucano Alexandre Moraes, sobre o pedido de cooperação enviado pela Argentina. Ele quer saber qual o teor da solicitação, quando foi recebida, qual a resposta dada até agora e por que nem tudo foi respondido ainda.
A conexão brasileira dos Panama Papers de Macri e o pedido de colaboração enviado pela Justiça argentina foram revelados por CartaCapital em novembro.
Segundo os Panama Papers, Macri e sua família fundaram em 1998 uma empresa nas Bahamas, a Fleg Trading. A existência dela era desconhecida das autoridades argentinas, fato que levou à abertura de um processo judicial contra o presidente.
Investigações do promotor do caso, Federico Delgado, indicam que a Fleg Trading injetou no Brasil quase 10 milhões de dólares de procedência ignorada, entre setembro e outubro de 1998. Ao entrar aqui e circular por um emaranhado de empresas da família, o capital teria sido “lavado”.
Diante das conclusões do promotor, o juiz do processo, Sebastián Casanello, enviou um pedido de cooperação ao Brasil com data de 9 maio de 2016. Dirigia-se a “organismos governamentais” e a três empresas da família Macri com escritórios aqui e integrantes do emaranhado pelo qual teria ocorrido a lavagem.
Em função dos acordos internacionais a regular a cooperação entre Brasil e Argentina, esse tipo de pedido seria formalmente enviado pelo Ministério das Relações Exteriores de lá e recebido aqui pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional. O DRCI subordina-se ao ministro da Justiça, motivo de o requerimento de Requião ser destinado a Moraes.
As denúncias contra Macri “são graves e precisam ser aclaradas”, diz Requião no requerimento. “O Senado brasileiro deve estar ciente do que está ocorrendo”.
Na Argentina, a oposição acredita que o governo Michel Temer protege Mauricio Macri, por afinidade política. No Congresso brasileiro, há quem tenha a mesma impressão.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.