Política

‘Vingança social’: centenas de padres repudiam o PL antiaborto em manifesto que chegará ao Papa

Para o Coletivo Padres da Caminhada, criminalizar o aborto para vítimas de violência sexual seria uma segunda agressão

Protesto em São Paulo contra o PL 1904/2024, em 13 de junho de 2024. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O Coletivo Padres da Caminhada, que reúne mais de 460 padres, bispos e diáconos da Igreja Católica, divulgou um manifesto contra o projeto de lei que visa impedir o aborto legal no Brasil após a 22ª semana de gestação em casos de estupro.

Os religiosos avaliam que a proposta se equipara a uma “vingança social” e “acarreta a grave consequência de penalizar as mulheres pobres que não podem sequer usar o sistema público de saúde”. 

O documento será enviado ao Papa Francisco. 

“Obviamente, não somos a favor do aborto! Somos sim contra a substituição de políticas públicas por leis punitivas às vítimas de estupro e abuso, imputando-lhes um crime seguido de pena maior do que o dos estupradores”, declarou o grupo, acrescentando que a criminalização “impede apenas que seja feito de maneira segura”.

Eles ainda pedem que deputados e senadores “tenham sensibilidade para perceber que nossas ruas estão ensanguentadas e nossa infância abandonada e, consequentemente, não elaborem projetos eleitoreiros perversos, brincando com vidas humanas pobres, desvalidas e invisíveis”.

A manifestação do Coletivo Padres da Caminhada vai de encontro à avaliação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que defendeu o projeto antiaborto.

No Congresso, a proposta perdeu força. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinou que a matéria seja analisada por uma “comissão representativa”, antes de chegar ao plenário.

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