Sociedade
André Valadão, que atacou universidades e LGBTs, diz que Deus perdoaria estupradores
A declaração coincide com a mobilização pública em relação ao PL 1904, que busca equiparar o aborto ao homicídio e impõe restrições severas ao acesso ao aborto legal para vítimas de estupro
O pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, afirmou nesta segunda-feira 24 que a ‘grandeza do amor de jesus’ perdoaria um estuprador.
A declaração foi feita em uma sessão de perguntas e respostas no Instagram, após um seguidor questioná-lo sobre o que ele diria a um estuprador arrependido do ato. Na sua resposta, Valadão enfatizou a força do amor divino, destacando que “não há malignidade nesse mundo que o amor de Deus não seja maior” e reafirmou a universalidade da redenção, acrescentando que “Jesus morreu por todos”.
“Eu também diria para essa pessoa que ela vai sofrer as consequências aqui na terra, aqui se faz e aqui se paga, essa realidade na justiça tem que ser cumprida”, completou.
A declaração sobre o ‘perdão’ aos estupradores coincide com a mobilização pública em relação a tramitação do PL 1904, que busca equiparar o aborto ao homicídio e impõe restrições severas ao acesso ao aborto legal para vítimas de estupro. A proposta, rechaçada pelo movimento feminista e pela sociedade civil, tem recebido forte apoio da bancada evangélica.
A benevolência atribuída por Valadão a Deus, contudo, não abarca as minorias sexuais. Um ano antes, em julho de 2023, o pastor disse a fiéis que Deus mataria pessoas LGBTs se pudesse e incitou fiéis a fazê-lo.
“Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: Pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais”, declarou o pastor, durante um culto transmitido ao vivo. “Ele diz, ‘já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas prometi que não posso’, agora tá com vocês”.
Ao final, Valadão retomou a frase e diretamente incita os fiéis a agirem: “Não entendeu o que eu disse? Agora, tá com vocês! Deus deixou o trabalho sujo para nós”. Segundo Valadão, ao normalizar as relações homoafetivas, as famílias estariam abrindo as portas para a ‘promiscuidade’ e a ‘perversão’.
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