Sociedade

Falar de agropecuária em tempos estranhos

Percebeu-se, claramente, a intenção dos palestrantes em amenizar o estigma negativo com que parte da sociedade vê o agronegócio

Falar de agropecuária em tempos estranhos
Falar de agropecuária em tempos estranhos
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Difícil em semana conflituosa como esta, que antecede o risco de o Brasil, mais uma vez, abandonar o regime democrático, tratar apenas da agropecuária e suas interações em direção aos agronegócios, preservação ambiental e vida dos trabalhadores no campo.

Foi isso, no entanto, o que prometi explorar nas colunas, a partir das apresentações que oferecidas no II EsalqShow, em Piracicaba, entre os dias 9 e 11 de outubro de 2018.

Comecei na semana passada, escrevendo sobre o prazer de conhecer e ouvir as palavras do agrônomo, professor e ex-ministro da Agricultura do governo Lula, Luiz Carlos Guedes Pinto. Incluo aí minhas conversas e audições de outro ex-ministro de Lula, o esalquiano Roberto Rodrigues.

O evento foi muito bem organizado pela ARABY, empresa especializada em realizar feiras e eventos, pelo que parabenizo sua diretora Rachel Leite, pela coordenação.

No prédio central da ESALQ, onde ficam instalados os departamentos com os escritórios dos principais professores, o primeiro dia foi dedicado a uma solenidade de abertura com o tema “Dimensão e comunicação do agronegócio”, apresentado por publicitários e jornalistas especializados.

Percebeu-se, claramente, a intenção dos palestrantes em amenizar o estigma negativo com que parte da sociedade vê o setor, ainda mais em tempos de colunistas-governadores (Goiás), como Ronaldo Caiado, e a propalada volta da nefasta União Democrática Ruralista (UDR).

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No encerramento, falou o equilibrado Roberto Rodrigues, catedrático emérito da escola.

Vários eventos paralelos ocorriam nos Espaços Inovar e Central de Aulas, também reservados aos cerca de 70 expositores. Inclusive, um HACKATHON sobre agricultura familiar. Confesso que não conhecia o termo (deve ser 5.0), mas traduzindo são grupos de pessoas que se reúnem, a discutirem e selecionarem propostas para determinados temas. Não sei se foi boa a escolha de mais esse anglicismo, pois traz na raiz a atividade hacker. Séculos atrás, eram chamados de Workshops.

O segundo dia (10) foi dedicado a uma “Clínica de Consultoria para Startups e Empreendedores” e “Painel de Agricultura Digital, enquanto no salão nobre tinha início o AgTech Valley Summit (lembrou-me aula de Ariano Suassuna (1927-2014) sobre o uso da língua inglesa entre nós):

Os especialistas abordaram temas importantes e momentosos: “Gestão de Sistemas Integrados em Agricultura” (informação, conhecimento, água, etanol, alimentação animal, e sustentabilidade no controle de pragas e doenças).

No último dia, teve-se o painel comentado na coluna anterior sobre tendências de agricultura familiar, associativismo e cooperativismo, e a situação da cadeia hortifrutigranjeira, com apresentação de casos de sucesso. Pelas minhas Andanças Capitais, raros.

Muito bom percorrer as “vitrines”, organizadas pelos alunos da ESALQ sobre tecnologia e qualidade de bebidas, solos, ciências biológicas, a química a serviço da sociedade, florestas e árvores urbanas, economia, administração, sociologia, engenharia de biossistemas, entomologia, fitopatologia, nematologia, acarologia, zootecnia, geotecnologia, genética, e o pavilhão de horticultura.

No Summit, (por que não Cúpula?), as mudanças tecnológicas, desafios da escala, uso sustentável de insumos na agricultura, desafios da alimentação, mudanças climáticas, inovações financeiras e o papel social da agricultura no futuro, emprego e carreira para os futuros agrônomos.

Ao contrário do evento de 2017, alguns gigantes do agronegócio se interessaram em patrocinar o deste ano, como: John Deere, Coplacana, Santander, Finep; Rabobank, LS Tractor, Arysta, Raízen, Motorola.

Houve, também, apoio institucional e financeiro da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo, Fiesp e governo federal através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Os demais patrocínios foram obtidos com a venda de stands para empresas privadas e organizações não-governamentais.

Não se deve diminuir as abrangência e importância do evento, mas na próxima coluna serei menos repórter e mais crítico. Inté.

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