Economia

Desemprego mantém trajetória de alta e atinge 13,6% em abril

Total de brasileiros em busca de uma vaga chegou a 14 milhões no trimestre encerrado em abril. Em um ano, 2,6 milhões passaram a procurar um emprego

14 milhões de brasileiros buscam um emprego e taxa de desemprego chega a 13,6%
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O número de brasileiros em busca de um emprego atingiu 14 milhões no trimestre encerrado em abril de 2017, um aumento de 8,7% na comparação com o trimestre anterior (novembro a janeiro) e de 23,1% ante o mesmo período do ano passado. Os números foram divulgados nesta quarta-feira 31 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) contínua.

A Pnad do último trimestre mostrou também que a taxa de desocupação atingiu 13,6%, 1 ponto porcentual acima daquela registrada no trimestre encerrado em janeiro e 2,4 pontos acima da apurada há um ano. Isso significa que em um ano o 2,6 milhões de pessoas ficaram desempregadas.

Segundo o IBGE, tanto a taxa de desocupação quanto o contingente de desocupados foram os maiores de toda a série histórica, iniciada em 2012.

IBGE desemprego.png Fonte: IBGECom a elevação da taxa de desocupação, o contingente de ocupados foi estimado em 89,2 milhões no trimestre de fevereiro a abril de 2017, uma queda de 0,7%, quando comparada com o trimestre de novembro de 2016 a janeiro de 2017 (menos 615 mil pessoas ocupadas). Em comparação com igual trimestre do ano passado, quando o total de ocupados era de 90,6 milhões de pessoas, foi registrada queda de 1,5%, representando redução de 1,4 milhão de pessoas.

Mercado formal

O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada, estimado em 33,3 milhões de pessoas, caiu 1,7% na comparação com trimestre de novembro de 2016 a janeiro de 2017 (menos 572 mil pessoas). Frente ao trimestre de fevereiro a abril de 2016, houve queda de 3,6%, o que representou a perda de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas nessa condição.

O mercado informal – que reúne os trabalhadores sem carteira assinada, somou 10,3 milhões de trabalhadores no trimestre até abril e ficou estável em relação ao trimestre encerrado em janeiro, mas subiu 3,1% frente ao mesmo período do ano anterior (mais 306 mil pessoas).

A comparação dos dados dos mercados formal e informal apontam que o encolhimento do mercado formal não significou a migração desses trabalhadores para o empreendedorismo. A categoria das pessoas que trabalharam por conta própria (22,3 milhões) se manteve estável em relação ao trimestre de novembro de 2016 a janeiro de 2017. Na comparação com o trimestre de fevereiro a abril de 2016, houve queda de 3,1%, um decréscimo de 702 mil pessoas nessa condição.

Apesar da contínua redução no contingente de trabalhadores, em especial dos de carteira assinada, a Pnad Contínua registrou um expressivo aumento no emprego na indústria, de 1,8% em relação ao trimestre que findou em janeiro, chegando a 11,5 milhões de trabalhadores. Segundo o IBGE, esse aumento tem especial importância quando se observa que a indústria estava há dois anos registrando perdas seguidas no seu contingente, totalizando, desde 2015, 1,8 milhão de empregados a menos.

Como é calculado

Os indicadores da Pnad Contínua são calculados para trimestres móveis, ou seja, sempre considerando informações dos últimos três meses consecutivos até a pesquisa.

A taxa do trimestre móvel terminado em abril de 2017 foi calculada a partir das informações coletadas em fevereiro, março e abril. Nas informações utilizadas para o cálculo dos indicadores para os trimestres móveis encerrados em março e abril, por exemplo, existe um percentual de repetição de dados em torno de 66%.

Essa repetição só deixa de existir após um intervalo de dois trimestres móveis. Por isso, é possível verificar um queda de 0,1 ponto porcentual da taxa de desocupação no trimestre encerrado em março (13,6% ante 13,7%), mas por conta dessa sobreposição de meses esse comportamento do dado não pode ser lido como tendência.

A deterioração do mercado de trabalho brasileiro é o principal argumento do governo para o avanço de medidas que retiram direitos dos trabalhadores e flexibilizam as relações de trabalho. A reforma trabalhista foi aprovada na Câmara dos Deputados na quarta-feira 26 e segue para o Senado.

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